Quase 20 anos (18 para ser mais precisa) me separam da menina que um dia resolveu tornar o seu depósito mais moderno, deixar os manuscritos e rabiscos e passar a digitar o que lhe ia na mente.
Hoje ao ler aqueles desabafos quase nem lembro a quem se dirigia, ou para quem tentou um dia falar, mas reparo com tristeza que ainda reconheço a mesma angústia, a mesma incerteza no que está por vir, mas acima de tudo no que veio para ficar.
O tempo passou, a vida mudou, os sentimentos foram-se adaptando, resignando-se àquilo que lhe ofereceram, que me ofereceram! Talvez por cansaço ou mudança de foco, por resignação, ou desistência, ou porque simplesmente cheguei aonde nunca nenhum sonhador deveria chegar, à idade adulta! Não que os adultos não possam sonhar, de todo, mas porque perdem a capacidade de canalizar as suas energias para os seus sonhos, deixando que tudo em volta ocupe a sua mente, sobrando pouco espaço para ilusões, ou até o tempo para sonhar.
São as contas para pagar, a hora de levar o miúdo à escola, a hora para ir trabalhar, a casa para arrumar, a ajuda que não chegou, o cliente que reclamou, o chefe que humilhou, o trânsito que parou, as cobranças do que ficou por fazer, a ideia que ficou por dizer, o grito que foi dado e um outro que ficou calado, o desejo que foi reprimido, tolhido e ficou desaparecido, tudo agora faz mais sentido ou será menos sentido? Ou será que tudo ganhou um maior sentido?!
Para mim, tem dias que isto não faz sentido nenhum e eu sou de novo a menina que quis ser moderna, mas não pelo facto de não ter importância, mas porque me sinto perdida, no meio de tantas decisões que têm ser tomadas. Muitas delas, até se resolveram por si só, com alguns ajustes e adaptações, mesmo que às vezes teime em não ver, mas outras continuam à espera de um sinal, de uma vontade, de um gesto, ou de ... coragem!
É dificil perceber que por mais que corra ou salte, há sempre argumentos que são maiores do que os meus, ou mesmo nem sendo os minorizam, é difícil sentir que mesmo já estando cá, nesta situação respeitável que é ser uma adulta, não é suficiente para que possa comandar a minha vida sem ser diminuída, é triste ter consciência de que as minhas vitórias, nunca são celebradas se o louro que se ganha não for dividido, é frustante sentir que mesmo que não valorize, o inconsciente pede sempre uma aprovação que nunca chega.
São tantas as vozes que ecoam na minha cabeça que por vezes não sei se o que escuto está dentro de mim ou se vem de fora...
Os dias passam, e se há alturas em que as coisas estão mais claras e acho que encaixei todas peças no sítio certo, a maior parte do tempo sinto tudo a chacoalhar aumentando ainda mais a desordem dentro de mim.
Sinto-me mais ou menos como o monstro do livro "O Monstro das Cores" de Anna Llenas, que precisa de colorir os seus sentimentos e guardá-los num potinho para que tudo, para além de mais arrumado, também fique menos confuso. E eu também precisava de colorir os meus sentimentos e ordená-los por cores, e guardá-los ou deixá-los partir consoante o que fosse melhor para mim e para todos.
Tem alturas que me sinto o Peter de "Peter Pan", sempre alegre e bem disposto, sem vontade de crescer, a eterna criança que só quer aventuras e que não tem um lugar certo onde ficar, ou melhor tem: a Terra do Nunca, a terra em que nunca acaba a alegria, nunca acaba a fantasia, nunca acaba a paixão, nunca acaba o amor e o estar enamorado. Mas, noutras ocasiões estou mais para Wendy que apesar de criança sonhadora leva às costas um mundo de medos e receios de crescer, de arriscar, de se magoar ou de magoar. Noutras ainda, vejo em mim a Sininho, mal humorada e mal dispota, capaz de ser vingativa, mas que no fundo só quer um pouco de atenção para poder dar todo o amor que tem dentro de si.
Hoje é dia de arrumar! Arrumar as ideias na cabeça, arrumar os sentimentos no coração, arrumar o meu depósito que há muito estava fechado. Por um lado é um sinal de que não tenho tido a necessidade de me esconder do que sinto ou simplesmente esconder o que sinto, sim porque este meu depósito, não tem rosto, nem nome, não tem endereço (talvez um IP!) mas ao mesmo tempo serve a tantos rostos e nomes e endereços, que nem eu própria tenho consciência.
Hoje é dia de arrumar, porque me sinto perdida no meio de tanta confusão. Ao ver velhos retalhos da minha alma consigo perceber que apesar de muita coisa ter mudado, da minha idade ter mudado, os anseios e receios continuam os mesmos da adolescente apaixonada. Mas afinal o que é a vida senão AmoR? Este, é pelo menos o sentimento que me arrebata, o sentimento que me move, o sentimento que dá sentido àquilo que sou e quero ser e sem ele nada tem sentido, ou será: tudo perde o sentido?
Porque é assim que eu me estou a sentir: a perder o sentido, talvez, mais uma vez, talvez, há já muito tempo, ou talvez ainda, nunca o tenha encontrado...
Por isso é que hoje decidi que era um bom dia para arrumar! Mas, quanto mais mexo neste depósito de sentimentos baralhados, perdidos, machocados e magoados, mais confusão eu crio e não sei que conclusão tirar.
Hoje tenho um sol que me acorda todos os dias de manhã, mesmo naqueles dias mais cinzentos e chuvosos e este foi o meu ato mais puro de amor. É por ele que também a minha alma pede um pouco mais de arrumação, é por ele que o meu ser pede um pouco mais de amor. Porque o sentirmo-nos amados é meio caminho andado (ou porque não dizer todo) para amar de volta. Mas, e há sempre um mas, também me poderão exigir o mesmo, e é aqui que o caus volta ao meu depósito. Como? Como é possível que depois de tanto tempo, eu reinvidique o mesmo? Serei eu que estou assim tão errada, ou estou errado porque deixei isto avançar por tanto tempo? Tempo o bastante para o nascer de um SOL...
Hoje é dia de arrumar e eu já estou exausta e sinto que ainda agora comecei...
Há tanto tempo que não faço isto! Nem sei bem porque e por onde recomeçar...
Uma das razões porque me afastei, foi ter ganho a coragem de dizer o que sinto, sem precisar de o escrever, mas hoje, ao recordar este meu depósito, dei-me conta de que os anos passaram e, apesar de estar mais confiante para falar, continuo a ter muita necessidade de escrever.
Não é fácil recordar todas estes sentimentos que um dia tive a necessidade de converter em prosas e versos. Não é fácil principalmente sentir que alguns deles, depois de todo este tempo, ainda estão aqui tão dentro de mim... A sensação do vazio que me assombra muitas vezes e se esconde por de trás de uma vida pacata e de um sorriso que nem sempre é sentido.
Ao ler alguns dos meus estados recalcados, como eu os chamei, recordo-me tão claramente da sensação daqueles dias, daqueles momentos. Sei tão claramente para quem falo ou falei. E, se alguns dos destinatários e dos sentimentos vividos já estão lá no passado, como esses estados recalcados, outros, e apesar do passar do tempo, são ainda tão presentes, que se calhar ou com toda a certeza, foram os impulsionadores da minha vontade de voltar a escrever.
Como é difícil recomeçar! Como diz a música "as palavras custam a sair" mas eu digo o que estou a sentir, digo exactamente o que estou a sentir... Afinal sempre foi assim, e é assim que quero que continue a ser. Por mais tempo que eu demore a voltar, este será sempre o meu canto da verdade, da minha verdade...
Não sei exactamente o sentido que devo dar ao meu pensamento, ou se simplesmente me deixe levar por ele, mas a verdade é que neste momento ele só me deixa perceber o prazer que tenho em escrever e as saudades que já tinha de o fazer. Como se,todas as outras coisas que me corroem a alma neste "agora", tivessem ficado insignificantes perante a vontade de voltar a escrever.
Por isso, termino não com a promessa de que regressarei novamente e/ou brevemente, mas com a certeza de que tenho que fazer isto mais amiúde!
Desculpa-me a franqueza com que te vou falar, mas não podia ser de outra maneira.
Eu já não sei se o que sinto por ti é amor. E não sei se aguento mais sem to dizer.
A minha alma está um completo vazio. Sinto que já perdi tantas palavras, já perdi tanto tempo e já me desgastei tanto e da tua parte não tenho nada mais do que a mesma apatia de sempre, a mesma perplexidade, o mesmo conformismo de quem não se importa com nada.
Sabes o que doi ter que dizer todas aquelas coisas que já foram ditas e não ver um simples argumento que seja para te tentares defender, para me tentares mostrar que estou errada, nada.
Porque eu queria estar errada... como eu queria. Queria poder pedir-te desculpa por outros motivos que não este.
Eu não consigo não me incomodar, não consigo não pensar em tudo que te digo, por ti e por mim. Não consigo deixar de pensar que luto em vão e pior que isso, que luto sozinha.
Porque é assim que me sinto, sozinha. Sozinha ao teu lado. E o que me preenche no meio desta solidão são as memórias de um passado que não aconteceu, são comparações entre um presente que não tem futuro e um passado que não teve presente.
E é tão difícil tentar perceber quem está errado nisto tudo.
Pelo meu lado sei que não terei totalmente razão, mas o que mais me doi é perceber que até nisso eu tenho que pensar sozinha.
Doi-me pensar ficar sem ti, mas por outro lado eu já não te tenho, porque o que vejo é só um corpo a vagar pelos espaços que dividimos, um corpo que a minha desilusão me fez deixar de desejar.
Doi-me pensar que tudo está nas nossas mãos e só vejo as minhas estendidas.
Eu não consigo mais falar pelos dois, pensar pelos dois, agir pelos dois, viver pelos dois, porque tu és a metade e não é de mim. Tu és a metade do que és e do que dizias ser e eu não sei viver pela metade.
Por isso desculpa a franqueza mas já não sei se te tenho amor.
Não!
Não digas que me amas!
Como podes dizê-lo?
Como tens coragem de proferires palavras tão sagradas?
Dizê-lo vezes sem conta, sem te dares conta do que é amar.
Não!
Não digas que me amas!
Não aumentes a dor que há em mim por te saber indigno dessas palavras.
Não digas que me amas, quando não o sabes demonstrar.
Custava olhares para mim como uma jóia preciosa, como a flor mais bonita e frágil de um jardim?
Não!
Não digas que me amas, porque eu não saberei responder-te...
Faz tanto tempo que não escrevo que nem sei se já desaprendi!
Tanta coisa mudou! Para melhor, ou para pior? Certamente para melhor... Mas se assim foi porque me sinto eu vazia! Ou estarei tão cheia de tudo que a sensação é de vazio?
Não percebo o que me apoquenta, o que deixa a minha alma inquieta! Não sei o que fazer, e o que pensar! E até os meus sonhos atrapalham o meu viver...
Depois de tanto tempo...
Não consigo entender...
Sou feliz, mas não me sinto feliz... fará isto nexo? Mas também não me sinto infeliz, talvez, um pouco insatisfeita, insegura, insuficiente, intolerante, incapaz, intransigente, inconsciente, incompleta.
Os meus olhos cheios d'água
Seu mar vazio
Qual é o fio que nos une e nos separa?
Eu quero seu sorriso
No correr da minha hora
E não falta nada pra gente ser feliz agora
Só por você eu dei até o que eu não tive
Há tantos que vivem, sem viver um grande amor
Eu que sonhei por tanto tempo em ser livre
Me prenda em seus braços
É o que eu te peço
Somos um barco no meio da chuva
Um edifício no meio do mundo
Fortes e unidos como a imensidão
Um passeio no meio da rua
Vamos dias e noites afora
Agora podemos ver na escuridão
Só por você eu dei até o que eu não tive
Há tantos que vivem, sem viver um grande amor
Eu que sonhei por tanto tempo em ser livre
Me prenda em seus braços
É o que eu te peço
O sono não chega e fico a imaginar mil e uma coisas que já não deveriam fazer parte do meu imaginário!
Queria que estivesses aqui comigo! Mas não estás e a cama vazia não chama por mim, por isso fico para aqui a pensar no que não devo!
Sabes quantas vezes passa pela minha cabeça que este nosso amor é efémero! Quantas vezes me pergunto se nos vamos conseguir aturar!Sei que enquanto os nossos corpos e as nossas almas estiverem cheios deste imenso amor isso vai ser possível, o medo é que um de nós deixe esvaziar, deixe o sentimento esfumar...
Na realidade isto não me preocupa... Preocupa-me mais o dia a dia que enfrentamos que não nos deixa viver, que não nos deixa sermos um só, que não nos deixa desfrutar do que temos... E é tanto o que temos, o que conquistamos, o que aprendemos e partilhamos...
Não sei que tempo vai durar, embora deseje que seja para sempre, ou pelo menos até que um de nós padeça, mas sei que enquanto durar que seja sempre assim, ou melhor, porque pode melhorar... Eu posso melhorar, tu podes melhorar... Ainda podemos crescer tanto juntos, podemos nos tornar mais sábios de nós mesmos, do amor...
Sei que sentes o mesmo, sinto-o, mas às vezes, por vezes fica difícil de acreditar... Já são tantas cabeçadas que por vezes custa a crer que vai ser diferente... Por agora, e enquanto deres sentido à minha vida, fores a minha direcção, o meu tom, a minha cor, vou te amar sem medida e sem medo de estar a exagerar, porque ninguém jamais te amou... ... ... ... ... como eu!
Vejo de longe o tempo que passou... Vejo-o, e sinto agora que acabou!
São dias e dias que ficam lá trás, horas e horas passadas em vão... Ou será que não? Talvez não!
Ficou a sabedoria da espera, o saber de que, não só, tudo o que começa tem um fim mas, também, e principalmente, que todo o acabar tem um novo recomeço.
E é isso o que fica das lágrimas derramadas, das noites perdidas, das palavras gastas, do sofrimento vivido, são novos sorrisos, noites "achadas", palavras sentidas e muitos, muitos novos momentos de felicidade...
Porque é assim a vida, cair para levantar!
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